Seguindo com nossa viagem na capital do Zimbabwe, a cidade de Harare, logo depois de conhecermos as pinturas rupestres de Domboshava, almoçar no Shopping Westgate e conferir a melhor vista panorâmica da cidade desde um pequeno morro de granito chamado Harare Kopje, era hora de mergulhar finalmente na verdadeira África. Em nosso caminho até a próxima atividade, que seria a visita ao Lion and Cheetah Park (assunto do próximo post dessa série), passamos por uma enorme feira livre das pessoas que verdadeiramente seriam o povo predominante no Zimbabwe.
Acontece que até então já havíamos visitado alguns pontos turísticos mas até então não tinhamos mergulhado definitivamente no que eu considero a verdadeira África. Quando você chega a um novo país, de fato que para ter noção da amplitude demográfica é preciso conhecer os extremos, e assim foi no Westgate, onde vimos pessoas de classes mais altas, madames com a pele de cor branca passeando com seus animais de estimação, gente trabalhadora de cor mais escura, porém nada até então tinha sido tão marcante quanto nossa primeira caminhada por essa feira livre.
Feira livre em Harare, capital do Zimbabwe
É claro que isso ainda não era a verdadeira África, desde que estávamos acompanhados por outras pessoas que por hora inibiam nossa imersão nua e crua em um novo povo por nós mesmos, desacompanhados, livres para questionar, gastar tempo com as pessoas, conhecer o lado real da vida zimbabweana. Se por um lado foi uma imersão mais lenta, por outro foi bastante prazeroso ser apresentado aos locais pelo pessoal do ZTA e Wenhau Safaris que conheciam boa parte das pessoas pelo nome. Acontece que esse povo que você vê nessas montagens é o povo mais humilde que habita Harare. São pessoas normais: barbeiros, comerciantes de roupas, de frutas e verduras: feirantes! Foi um dos pontos altos do nosso dia, literalmente descobrindo esse primeiro destino entre os países que visitamos no sudeste da África.
Um povo de sorriso fácil, de semblante bonito no rosto, sabe? Nada daquelas imagens de africanos desnutridos ou passando sede que circulam aos kilos nas redes sociais. Um povo que se mostra saudável ao extremo, com dentes mais brancos até mesmo do que os meus. De uma amabilidade sem igual com o estrangeiro que chega com uma câmera na mão e pede a licença para fotografar sua vida real. E como resposta recebe um belo sorriso sincero!
Pessoas e sorrisos em feira livre na capital do Zimbabwe
A pequenina garota da foto que ilustra a capa dessa matéria ficou num medo lascado ao me ver, todo brancão do lado dela. Seus familiares abriram um belo sorriso de orelha a orelha e fizeram questão de me puxar pelo braço, fazendo-me agachar. Estenderam a minha mão e a mão da menininha sob a minha. Na hora as lágrimas pararam de escorrer do rosto dela, que impressionada analisava a diferença entre a minha cor e a cor dela. Lasquei-la um beijão no rosto, pedi para tirar uma foto e prontamente fui atendido. Ao mostrar a câmera para a menininha, perplexa ficou por alguns segundos estática em frente ao LCD da minha máquina fotográfica. Este foi um passeio de alguns poucos minutos que deixou marcados ensinamentos que levarei para a posteridade.
Acho que a verdadeira diferença de viajar pela África, diferentemente do que em tantos outros continentes do planeta é justamente a seguinte: aqui, você viajante é o lado inverso da moeda. Aqui você brilha em meio aos locais negros, você potencialmente seria o sujeito da discriminação. Porém como reação o que recebemos? Sorrisos brilhantes. Bem vindos à verdadeira África 😉
O ZTA (Zimbabwe Tourism Authority) e a Wenhau Safaris & Tours nos deram o suporte necessário para a realização dessa atividade (tal como transfers).