Fala gente! Tudo na paz com vocês?! Espero que sim! Hoje estou aqui para compartilhar com vocês uma das melhores experiências de aventura e imersão na natureza que consegui realizar nos últimos anos aqui no Brasil. Acabei de chegar de uma viagem incrível até a Ilha do Bananal localizada entre o Tocantins e o Mato Grosso, onde conseguimos explorar o lendário Lago Preto, ideal para a pesca do Tucunaré, junto com a galera da Horotory Camping.

Sinceramente nos últimos anos o meu desejo e interesse pela pesca esportiva aumento de uma maneira exponencial. A pescaria une o melhor de dois mundos: viagens e experiências com animais únicos. Hoje quero compartilhar com vocês o que eu vivenciei presencialmente na Ilha do Bananal nos últimos dias.

Tucunaré na Ilha do Bananal
Tucunaré na Ilha do Bananal

Como chegar na Ilha do Bananal

Tudo começou na quarta-feira passada, saímos de Goiânia/Inhumas por volta das 04:30 da manhã pela GO-070 rumo à cidade de Araguapaz. De lá, seguimos até a Lagoa da Confusão passando por São Miguel do Araguaia. Quem é de Goiás conhece bem essa rota, desde que é a melhor alternativa para chegar até o Tocantins sem passar pela BR153, rodovia simples abarrotada de caminhões constantemente.

O caminho até a Lagoa passa ou por Gurupi (e um pequeno pedaço da BR) até chegar a Dueré, ou então você também pode optar por ir até Formoso e seguir adiante até Dueré, algo que nós fizemos mas não recomendamos pois a estrada está em péssimas condições.


Mapa que mostra o deslocamento de Goiânia até a Lagoa e de lá até a Barreira da Cruz, lugar onde a travessia para a Ilha do Bananal é realizada pela balsa da Horotory Camping

Uma vez em Lagoa da Confusão, encontramos com nosso amigo Júnior de Irausuba, que junto com o lendário Leonardo de Oliveira Carvalho* (o Leo da Lagoa * In memorian) e o cacique Paulinho Karajá, fundaram a Horotory Camping, um acampamento muito bem estruturado às margens do Lago Preto, no coração da Ilha do Bananal. Nós estivemos com eles por 4 dias (quinta a domingo) e a qualidade da nossa estadia foi de fato imensurável.

Natalino, Gilmar e o Júnior do Horotory Camping
Natalino, Gilmar e o Júnior do Horotory Camping

Isso pois nós ficamos acampados com toda a estrutura necessária bem na margem do Lago Preto, um dos melhores pontos para pesca do peixe tucunaré em todo território brasileiro (veja aqui uma receita de tucunaré assado na brasa). Eu já visitei vários rios e lagos para pescaria, mas o que eu experimentei no Lago Preto foi algo fora do normal, ainda mais em épocas onde cada vez mais a pesca predatória e a degradação ambiental impactam negativamente na diversidade ambiental.

Bom, saber como é chegar na Ilha do Bananal, mais especificamente no acampamento Horotory no Lago Preto, primeiro é preciso ir até a cidade de Lagoa da Confusão (TO). Mas isso só para quem vem do lado de cá do mapa (Goiás, Tocantins, Nordeste, Sudeste, Sul). Agora pode ser que você more no Norte e a cidade que você deve ir é Santa Terezinha (MT), que fica ali pertinho de Confresa/Vila Rica/Xingu no Mato Grosso.

Atravessando o Rio Javaés na balsa
Atravessando o Rio Javaés na balsa

Uma vez nessas cidades “hub”, basta entrar em contato com o Júnior e ele vai se encarregar de fazer a sua travessia na balsa. Sim, balsa. Você precisa atravessar um rio para chegar no acampamento, afinal de contas estamos chegando na Ilha do Bananal, a maior ilha verdadeiramente fluvial do mundo.

Balsa para a ilha do Bananal
Atravessando o Rio Javaés: Balsa para a ilha do Bananal

Onde se encontra e o que tem na Ilha do Bananal

Ela é cercada pelos rios Araguaia e Javaés e é uma reserva ambiental do Brasil de 1959, uma das mais importantes Reservas da Biosfera desde 1993 pela UNESCO. A Ilha do Bananal está dentro do território do Tocantins, sendo que o Rio Araguaia é a divisa do lado do Mato Grosso.

A Ilha é um território selvagem, não há estradas asfaltadas, lojas, hotéis, pousadas ou quaisquer tipo de edificações consideráveis em boa parte dos seus mais de 20 mil quilômetros quadrados de área. Para chegar até a Ilha as principais vias rodoviárias presentes são a rodovia BR-242 (Transbananal) ou a Transaraguaia (TO-255).

Nossa turma já dentro da Ilha do Bananal
Nossa turma já dentro da Ilha do Bananal

A parte sul e boa parte oeste da Ilha do Bananal é ocupada pela Terra Indígena Parque do Araguaia, até próximo a Santa Terezinha (MT). Já o Parque Nacional do Araguaia é composto por terras que abrangem partes do nordeste e norte da ilha.

Existe também a Terra Indígena Inãwébohona que está no nordeste da Ilha e a Terra Indígena Utaria Wyhyna/Iròdu Iràna localizada na porção norte da ilha, ambas sobrepostas ao terreno composto pelo Parque Nacional do Araguaia. Para você ter bem uma noção do tamanho desse território, estamos falando em mais de 20.000km², o que é maior do que o território da Eslovênia, Fiji, Kuwait, Catar ou até mesmo do próprio Líbano (segundo esta referência do tamanho dos países aqui na Wikipedia).

Turma nossa no Acampamento Horotory no dia seguinte à chegada
Turma nossa no Acampamento Horotory no dia seguinte à chegada

Povos indígenas que habitam a Ilha do Bananal

Dessa forma todo o território reservado para a Ilha do Bananal é considerado como uma terra da união pela constituição do Brasil, este é o mais diverso, espetacular e maior complexo de reservas legais presentes no estado do Tocantins.

Podemos citar como principais etnias dos povos indígenas que habitam a Ilha do Bananal como os seguintes: os Carajás, os Javaés, os Tuxás, os Tapirapés e os Avá-Canoeiros (referenciados regionalmente por Cara-Preta), estes últimos com registros de isolamento da sociedade comprovado e documentado.

Imagine você visitar um destino capaz de proporcionar determinada experiência de imersão na natureza, a ponto de conseguir conhecer essa tremenda biodiversidade, é algo fora do comum até mesmo para viajantes muito experimentados no planeta.

Clima na Ilha do Bananal

Uma das surpresas na nossa viagem até a Ilha foi de fato o clima. Em certos momentos do dia o calor e umidade eram tão significativos, que parecíamos estar em uma estufa. Por outro lado, o friozinho da madrugada e do começo das manhãs exigia uma leve coberta para não sentir frio. Em momento algum fomos incomodados por insetos, mosquitos, borrachudos ou qualquer tipo de muriçoca, um bônus tremendo para quem gosta de curtir uma pescaria na beira de um lago/rio. Contudo o clima na ilha do Bananal pode judiar de quem não ficar esperto com o protetor solar ou a hidratação contínua ao longo do dia.

Pôr do sol na Ilha do Bananal
Pôr do sol na Ilha do Bananal

Em nenhum momento o calor foi insuportável, mas variou próximo aos 38 graus na sombra do acampamento ou no meio do lago perto do meio dia. Como nós estávamos ali focados na pesca do tucunaré, nossa rotina era totalmente diurna: acordar cedinho até 7 da manhã, tomar um café da manhã reforçado e sair pra pescar até perto do almoço. Depois voltávamos ao acampamento, almoço, descanso e logo ali pelas 15:30 já estávamos nos organizando novamente para sair de novo para pescaria, que durava até o pôr do sol.

Fim de dia na Ilha do Bananal
Fim de dia na Ilha do Bananal

Como é a pescaria na Ilha do Bananal

Você tem duas opções para pescar no Lago Preto, nós fomos pro acampamento Horotory. Ele é administrado pelo Júnior de Irausuba e pelos familiares do Léo, Toninho (seu irmão) e pela Raiza Rodrigues Borges Guimaraes (esposa do Léo). Eles possuem uma parceria com o Cacique Paulinho e com seu aval e autoridade mútua desenvolveram a ideia de construir um acampamento base nas margens do Lago Preto para levar a pescaria esportiva (pesque e solte) e a experiência de imersão na natureza e aprendizado da cultura indígena para quem estiver interessado em conhecer e vivenciar a maravilhosa biodiversidade do lugar.

Além de organizar pescarias e passeios às tribos, existem outras atividades das mais variadas que podem ser realizadas na Ilha do Bananal com o suporte do Grupo Horotory: já teve até ciclismo na ilha (são cerca de 22 quilômetros para chegar do lugar onde se atravessa o Rio Javaés até o acampamento!) Eu tenho amigos ciclistas que amam aventuras no meio do mato e posso garantir que as estradas na ilha são perfeitas para esse tipo de aventura com Mountain Bike.

Bike na Ilha do Bananal
Bike na Ilha do Bananal

Fato é que o pessoal do Horotory está trabalhando junto com os indígenas para desenvolver um turismo embrionário regional. Uma parte considerável da receita obtida com esse tipo de exploração turística vai direto para o desenvolvimento da aldeia, com foco em mantimentos, medicamentos, estrutura para a escolinha da aldeia e muito mais. É um turismo sustentável, respeitável ao meio ambiente e que consegue construir amizades e memórias espetaculares para todos aqueles que optam por conhecer a Ilha do Bananal.

Bom, mas bora pescar?! Como funciona o acampamento e a pescaria no Lago Preto?! Bom, continue comigo que te conto com detalhes logo à seguir:

Acampamento Horotory

O acampamento é um sonho pra quem ama ficar na beira de um corgo. Mais do que isso é funcional, isolado, não tem mosquitos ou insetos e possui uma estrutura super organizada, tanto para cozinhar, quanto para comer, dormir ou tomar banho.

Dá pra fazer suas necessidades básicas essenciais e diárias como se você estivesse dentro da sua casa. Não há chuveiro com água quente, mas há energia elétrica movida por um gerador a diesel. Há uma cozinha super equipada com freezer, forno, churrasqueiras, talheres variados, caixas térmicas e tudo mais.

Os quartos são compostos por 4 camas de solteiro super novas e confortáveis. Não há banheiros em cada um dos quartos, mas existem dois banheiros que ficam próximos aos quartos e duchas externas perfeitas para quem ama se molhar ao longo do dia para espantar o calor.

Para quem já ficou acampado no meio do nada apenas com a sua barraca e recursos que levar por conta própria, o Horotory Camping é uma estrutura de altíssimo nível, capaz de suprir as necessidades de uma família pequena, um grupo maior de amigos, ou até 5 grupos de 4 pessoas cada tranquilamente sem precisar de barraca.

Lago Preto

O acampamento, como dito antes, está localizado no coração da Ilha do Bananal às margens do Lago Preto. Esse lago é algo que não consigo encontrar palavras certeiras para descrevê-lo, é preciso vivenciar a experiência para que seus sentimentos e emoções possam descrever em sua memória o que é navegar por suas águas tranquilas e mergulhar na biodiversidade ali presente.

Anta no Lago Preto
Anta livre no Lago Preto

Revoadas de araras azuis são frequentes no pôr do sol e no início das manhãs. O cantar do Jaó, ou o grito do Jacú Cigano é capaz de encantar até mesmo aqueles que não são muito interessados por pássaros que não são mais avistados nas grandes cidades.

O movimento presente dentro da água então nem se fala. É peixe batendo pra todo lado. Pirarucus pulando no pôr do sol, grandes cardumes de traíras gordas agrupadas, surubins, aruanãs, mas o show à parte fica com certeza por conta do astro do ambiente: o TUCUNARÉ. Êta peixe bom de pegar, (c tá doooooido!). O tucunaré no Lago Preto tem dois tipos de tons de cores, um é bem mais azulado, e outro tem tons dourados, ambos são super esportivos, gostam de tomar linha, muitas vezes brigam muito antes de se darem por capturados, e o tipo de isca é sempre a artificial.

Ilha do Bananal

Estrutura para a Pescaria

A melhor parte de realizar uma pescaria na Ilha do Bananal com a Horotory Camping é justamente a qualidade acampamento, a estrutura que eles possuem para a pescaria (canoas, motores a gasolina e elétricos) e o conhecimento dos guias. O principal guia turístico da Horotory é o nosso amigo Wara Wara, índio de etnia Karajá que sabe tudo sobre a ilha e o Lago Preto.

Wara Wara / Guia Horotory
Wara Wara / Guia Horotory

Sempre presente tanto no acampamento quanto nas canoas, ele organiza os grupos, sabe os melhores pontos de pesca, conhece tudo sobre iscas, varas e tem as “manhas” para conseguir pegar os gigantes. Além disso você também pode combinar com o Júnior para melhorar a estrutura para seu grupo. É possível contratar mais guias da tribo, cozinheiras e ajudantes, até mesmo é possível combinar as refeições que vão ser realizadas no acampamento. Nós levamos carne e fizemos churrasco todos os dias.

A degustação do tucunaré também é possível dentro da canoa ou na beira do lago, contudo não é possível pescar para levar embora ou pegar mais peixes do que o suficiente para a degustação, os guias sempre vão estar de olho nisso e a orientação sobre esse assunto é espetacular. Aqui o combinado é ir para pescar e soltar, aproveitar a natureza, fazer amigos super legais, tomar aquela gelada e desligar dos problemas da cidade.

O que mais dá pra fazer além de pescar!?

Eu que te pergunto! O que mais você quer fazer além de pescar?! É só falar com o Júnior! Quer fazer uma trilha de bike?! Quer fazer uma corrida no meio do mato, ou até mesmo uma caminhada?! Quer sair pra ver os jacarés mostruosos?! Ou ainda pegar uma praia no pôr do sol?

Pôr do sol na Ilha do Bananal
Pôr do sol na Ilha do Bananal

Às vezes você é um amante da luz do luar e quer fazer um tour pra ver as estrelas durante a noite. Ou um passarinheiro que ama a biodiversidade e quer fotografar espécies únicas de animais que só estão presentes nesse lugar?! Bom, como você pode ver, de fato há muito o que fazer, explorar e aprender em um bioma tão incrível quanto o presente na ilha do Bananal.

Concluindo sobre a Ilha do Bananal

Gente, dizer o que mais sobre esse lugar?! Apenas VÃO!

Único por sua biodiversidade e belezas naturais, o Lago Preto é o coração da Ilha do Bananal, ali encontram-se algumas das espécies mais raras e incríveis de peixes, aves, répteis, fauna e flora em geral. Algo difícil de chegar, contudo com uma recompensa sem igual para aqueles que optam por viver uma aventura diferenciada.

Quer mais contatos ou informações sobre o Horotory Camping? Pois chama o Júnior no WhatsApp (63) 9 9210-3436, ele é a pessoa mais indicada para tirar todas as suas dúvidas, para lhe repassar orçamentos, reservar o seu momento e até mesmo te levar da Lagoa da Confusão até o Acampamento Horotory. Sem dúvidas ele é uma pessoa muito especial que está desempenhando um trabalho de fomento ao turismo regional invejável. E nós já não esperamos pelo momento em que poderemos voltar novamente a esse lugar maravilhoso!

Autor
Luiz Jr. Fernandes
Luiz Jr. Fernandes
Sou um analista de sistemas, fotógrafo, autor deste blog e viajante profissional. Já conheci mais de 70 países em todos os continentes do mundo. As minhas matérias são 100% exclusivas, inspiradas em experiências reais adquiridas nos destinos que visito. Obrigado por ler e acompanhar o meu trabalho.
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