Além do Oceano, através do Estreito de Magalhães, bem ao sul da América do Sul, existe uma ilha que surpreende por suas paisagens majestosas, por sua fascinante história, bem ali, onde não existe mais sul do que o gelo antártico, essa é a Terra do Fogo. Trata-se da terra que omite em seu nome os outros dois elementos essenciais que dominam sua geografia: a água e o ar.

Terra de tribos nativas, que não pisaram mais nada além daquele solo, e também de aventureiros, navegantes intrépidos, artistas, marinheiros e outras personagens que já fazem parte da sua essência. População essa que longe de se amedrontar pelo clima adverso e bem como as condições inóspitas da área, encontraram nos confins austrais do continente americano seu refúgio e lar.

Estreito de Magalhães

Os primeiros homens que fizeram ali sua morada chegaram por ali há mais de 10 mil anos. O frio os obrigou a se transformarem em aliados do fogo. Os “yámanas”, por exemplo, acendiam fogueiras com uma perspicácia extraordinária. As diferentes tribos desenvolveram culturas extraordinárias em total harmonia com a natureza.

Vestígios dessas tradições, de seus ensinamentos, suas armas e abrigos, e até de suas expressões através de pinturas se conservam até nossos dias. É possível entrar em contato com tudo isso visitando o Museo Yámana na cidade de Ushuaia, o Museo do Fim do Mundo, que conta com uma seção dedicada a expor achados arqueológicos e relatos detalhados dos costumes dos nativos.

Desde os fins do século XIX, a chegada do homem branco começou a transformar, lentamente, a fisionomia da região. Mas já desde o século XVI, navegantes iniciaram o encontro entre os dois mundos. Entre eles, Fernando de Magalhães, cujo nome foi dado ao estreito que liga o Atlântico ao Pacífico

Patagonia Chilena

Patagonia Chilena

Magalhães e sua tripulação deram a esta terra esse nome que conhecemos; antes que eles notassem qualquer indício de presença humana, do mar eles viam fogos isolados que pareciam flutuar entre a neblina e a água. Existem excursões em ferries que atravessam o estreito e unem o território continental e a Ilha Grande de Terra do Fogo (Isla Grande de Tierra del Fuego). Existem duas formas de se cruzar: a Primera Angostura, entre Punta Delgada e Bahía Azul, e a Segunda Angostura, que liga Punta Arenas a Puerto Porvenir.

Além de Magalhães, o místico inglês Francis Drake se propôs a desbravar essas mesmas regiões em 1578, em busca das riquezas do mundo novo. Isso e muito mais você pode ver visitando o Museu Marítimo do Ushuaia (Maritime Museum of Ushuaia), localizado no edifício do famoso antigo presídio.

Pinguins no estreito de Magalhães

Pinguins no estreito de Magalhães

Depois de Magalhães, Drake e aqueles pioneiros, seguiram desenvolvendo missões científicas, astronômicas e de conquista ao arquipélago. Alguns chegavam atraídos pelo exotismo irresistível, outros com objetivos econômicos, tal como o explorador Julio Popper que encabeçou 100 anos atrás uma autêntica febre do ouro, em busca desse metal precioso. Com metas religiosas também chegavam a Terra do Fogo, alegando a evangelização dos nativos indígenas. Até com pretensões científicas, tal como foi com Charles Darwin que visitou esta terra em uma expedição no ano de 1831. Busque por “La aventura del Beagle” que você vai encontrar referências sobre esta viagem.

A verdade é que a porção mais austral da Patagônia nunca deixaria de seduzir aos espíritos mais aventureiros. E em pleno século XXI continua seduzindo a aventureiros como eu. No próximo post desta série, vamos ver uma visão geral sobre Punta Arenas, sua zona franca e excursões ás pinguineras e Torres del Paine.

Autor
Luiz Jr. Fernandes
Luiz Jr. Fernandes
Sou um analista de sistemas, fotógrafo, autor deste blog e viajante profissional. Já conheci mais de 70 países em todos os continentes do mundo. As minhas matérias são 100% exclusivas, inspiradas em experiências reais adquiridas nos destinos que visito. Obrigado por ler e acompanhar o meu trabalho.
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