Nesses anos na estrada tenho conhecido lugares verdadeiramente incríveis. Um dos lugares que mais me impressionou na América Central foi a cidade colonial de Antígua, antiga capital da Guatemala. Tive o prazer de conhecer essa cidade em uma época do ano com clima muito agradável (e frio!). O céu estava azul durante os 3 dias que fiquei por ali e foi possível explorar bem a cultura local, conhecer os costumes regionais e contemplar as vistas privilegiadas dos três vulcões que rodeiam esta cidade. E não tenho medo de afirmar que esta foi uma das cidades mais amigáveis de toda as cidades que visitei durante estes 40 dias na América Central. Um lugar extremamente econômico de se viajar, com pousadas e hotéis bem legais, construções em arquitetura renacentista espanhola e fachadas barrocas muito bem preservadas até os dias atuais e uma atividade comercial intensa durante o dia e a noite.
Tanta história assim só poderia fazer com que a UNESCO declarasse Antigua como um Patrimônio Cultural da Humanidade (1979) e com isso o tempo literalmente parou: as construções se manteram preservadas, as casas todas ao estilo colonial barroco, as ruas de pedra batida, os locais sempre com seus semblantes cansados pelo trabalho no campo, com belos sorrisos receptivos no rosto – fato é que esta cidade teve seu pico populacional ainda em 1770, onde mais de 60.000 pessoas transformavam esta região em um dos polos economicamente mais ativos em toda a alta América Central. Com o passar dos anos existiu uma diáspora populacional e atualmente Antigua é lar de cerca de pouco mais de 30.000 habitantes, o que no fim acabou sendo espetacular para o turismo.
Antes de sair do Brasil para esta viagem que começou na Colômbia e foi acabar em El Salvador fiz questão de estudar um pouco sobre esta cidade, visto que nosso foco na Guatemala seria apenas para Tikal, alguma praia (que acabou sendo Monterrico) e Antigua, que merece uma nova e exclusiva viagem apenas para ela. Logo ao se aproximar desta cidade (viémos da cidade da Guatemala), é fácil entender os motivos da evasão de seus habitantes: os três vulcões gigantescos dominam o horizonte dos arredores de Antigua.
Alguns dos vulcões nos arredores de Antígua – Guatemala
A todo momento me pegava imaginando como seria a rotina de vida das pessoas que decidiram construir toda a sua vida aos pés de não somente um, mas três vulcões! Isso parecia um tanto quanto assustador, desde que até então vulcões não eram paisagens que eu costumava ver com frequencia aqui no Brasil, e logo pensei que seria mesmo muita loucura dedicar todos os anos de uma vida construindo suas rotinas, seu trabalho e família aos pés desses gigantes, que ao meu ver poderiam entrar em erupção a qualquer momento! Mas até então essas eram apenas primeiras impressões de um lugar que merecia ser explorado com tranquilidade, ser experimentado para que melhores conclusões fossem tomadas a respeito das pessoas que vivem reféns da imponência desses vulcões.
Esta cidade foi nada menos do que a terceira capital da Guatemala, nos áureos tempos que o território guatemalteco compreendia também os países de Belize, El Salvador, Honduras, Nicarágua e Costa Rica, assim como também o estado mexicano de Chiapas. Durante o seu apogeu foi conhecida como uma das três cidades mais lindas do Novo Mundo, e permanceceu fiél ao intuito de se manter como uma das mais belas cidades deste continente até os dias atuais.
Algumas das ruas da antiga capital guatemalteca
O grande problema para o continuismo do desenvolvimento de Antigua esteve envolto em algumas circunstâncias muito específicas decorrentes pelos fortes terremotos que abalaram esta região logo depois de seu pico populacional, em 1773, bem na época que marcou o florecimento da arte barroca. Com isso seu processo de crescimento foi fortemente interrompido e metade da cidade ficou destruida, era o começo da necessidade da reconstrução de uma nova capital para este país, a Cidade da Guatemala, que está localizada a pouco mais de 40 kilômetros de Antígua.
Definitivamente uma cidade para que você esqueça o mapinha na cômoda de seu quarto de hotel e vá se perder pelas suas ruas coloniais! Aqui uma opção de passeio é sair sem destino caminhando pelas calçadinhas curtas contemplando as construções, igrejas e monumentos, sentindo que está fazendo um passeio pelo século passado.
Igrejas e monumentos históricos nas ruas de Antígua
E o que seria de um destino turístico sem as pessoas locais? Antígua ficou marcada em minha memória por conta da amabilidade das pessoas, pela simplicidade e humildade dos camponeses que consomem a maior fatia comercial desta região da Guatemala. Era uma aventura caminhar sem um objetivo específico pela principal feira livre do centro desta cidade. Aqui também encontrei os melhores artesanatos de toda a viagem pela América Central, os melhores e os mais baratos também! As mulheres vão para as ruas com suas frutas, verduras e legumes, sentam-se lado a lado e dão o preço pelo perfil de cada cliente que as consulta – aqui comi os morangos mais doces de minha vida, experimentei alimentos frescos pelas ruas e me alimentei junto com os locais pelas várias banquinhas de comida que existem no centro comercial.
Mulheres de Antígua – a força do trabalho feminino
Foi em Antigua também que visitei os maiores mercados de artesanatos da Guatemala (e também dos outros países desta América). São vários centro comerciais, que os locais comercializam praticamente tudo, de roupas a alimentos, de artesanatos incríveis a quinquilharias inúteis, sempre com um belo sorriso no rosto os locais não gostam muito de perder uma oportunidade de negócio, e para o seu próprio bem estar e ótimo relacionamento, recomendamos muito que só consulte os preços se realmente desejar consumir, a grande maioria dos comerciantes ambulantes dessas feiras são muito pobres, vivem nas fazendas dos arredores de Antigua e da Cidade da Guatemala.
A feira local, as ruas de pedra e os melhores morangos da América Central
Indescritível poder caminhar por essas ruas, sentir os cheiros da comida sendo feita na hora, dos legumes, das frutas tão frescas sendo vendidas por todos os lados de uma forma ainda tão humilde, tão humana! As mulheres carregam praticamente tudo nas suas cabeças e param onde existem interessados em seus produtos. Os prédios e construções devem seguir a arquitetura local, tal como o MacDonald’s mais colonial que já visitei em minha vida. Ainda fiz questão de me sentar junto a um grupo de mulheres locais para conversar sobre a vida delas, sobre como ganham dinheiro, e mais do que depressa elas me ofereceram uma série de jóias, artesanatos e recordações, o comércio aqui é ativíssimo!
Alguns detalhes vividos em Antígua
Meus três dias em Antígua me fizeram compreender um pouco mais sobre a América Central – expandi as minhas experiências com os locais e até arriscava recomendar alguns lugares e passeios para os viajantes que se interessavam em saber sobre a minha viagem neste continente. Em um lugar tão simples assim acabamos buscando compreender um pouco mais as nossas origens, ver que é mais do que necessário se despir algumas vezes das tecnologias e facilidades que o mundo moderno nos proporciona atualmente e sentir na pele o que várias pessoas encaram como rotinas diárias – afinal de contas, não deve ser muito legal carregar frangos na cabeça todos os dias…
Mulher da Guatemala carregando frangos e galos em sua cabeça
Incrível esta Guatemala não é? Gostou desta publicação? Ficou com muita vontade de conhecer Antígua, esta transcendental antiga capital guatemalteca? Então será um prazer ler um pouco mais sobre esses sentimentos nos comentários que você está intimado a deixar logo a seguir! Ah, e se gostou, então prepare-se para o o post que fechará essa série sobre a Guatemala – contemplamos um pôr-do-sol INACREDITÁVEL em Monterrico, praia do Pacífico na Guatemala!
Luiz Fernandes, vc é demais! Gosto muito dos seus textos porque vc fala c sentimento – mucho gusto por estar en la America Central. Quero ir tbm! abç
Olá Maria José! Mto obrigado por visitar, comentar e curtir as matérias que eu escrevo por aqui! A América Central é um conjunto de países que merce várias viagens 😀 Abração!
Olá, vou passar minhas férias em uma parte da América Central (Honduras, Belize e Guatemala), já estou muito ansiosa para ir logo (irei em janeiro), o seu post identifica realmente o que quero nessa viagem: entender mais o ser humano. Até agora li pouco material nesse estilo, o que há na internet são basicamente guias de viagem, mas gosto dessa forma de escrever e ler as coisas (como vc), são muito mais autênticos. Parabéns e obrigada por compartilhar essa experiência!
Olá Cristiane, tudo joia?! Agradeço demais pela sua visita e comentário aqui no Boa Viagem. Tente dar um pulo nas ilhas de Utila ou Roatán quando estiver em Honduras e depois passe por aqui pra deixar seu relato! Eu tenho muito interesse em voltar a Honduras, tanto pela boa comida e povo local amigável quanto pelas belezas naturais espalhadas por todo território hondurenho! Agradeço mais uma vez por sua visita! Grande abraço!
Adorei a matéria, vc faz até quem não está interessado (não é o meu caso) em querer conhecer ñ só Antígua, mas toda América Central. Parabéns pelos seus ricos textos q prestam serviço ao turismo cultural! Abraço, Ma.jose
Obrigado por visitar e comentar aqui no Boa Viagem! Antígua é um lugar especial que vale a pena uma viagem até o continente centro-americano apenas para visitá-la 🙂 Abraço Maria José e obrigado mais uma vez por dar uma comentadinha aqui no blog!
olá!!! vou para cuba na copa e depois gostaria de ir passear no mundo maia, do méxico seria fácil ir para copán? ou el salvador é mais interessante e econômico para ir até lá? se não for abusivo, qual sua média de gastos diários na guatemala e honduras? grato
fiquei maravilhado pelo seu passeio pela guatemala,impressionado pelos vulcões que esta tão perto da cidade e o pessoal moram tão perto, quando da sua estada voce sentiualgum tremor deles? e as comidas vpce gostou? um grande abraço. Elton