Nós já havíamos conhecido a natureza impressionante que reside à sombra das Eclusas de Miraflores no Canal do Panamá realizando o tour Jungle Land, onde navegamos pelo Lago Gatúm, e de caiaque seguimos por riachos até uma pequena cachoeira. Depois que almoçamos, partimos de volta para o cais e rompemos rumo ao principal motivo que havia nos trazido até Panamá City: conhecer as tecnologias Bosch/Rexroth tão fundamentais ao perfeito funcionamento ao trânsito entre os Oceanos Pacífico e Atlântico.

O que escrever sobre uma das mais importantes obras de engenharia existentes no planeta? O Canal do Panamá redesenhou as rotas marítimas ao redor do mundo desde o ano de sua inauguração em 1914. Para ser mais prático, imagine quais seriam os prováveis itinerários de um navio lotado de contêineres, partindo do Japão em direção a qualquer país da Europa. A travessia entre o Oceano Pacífico e Atlântico poderia ser feita da seguinte forma: antes da existência do Canal, os navios seriam obrigados a contornar todo continente americano, através dos passes austrais localizados no extremo sul do planeta, para poderem enfim viajar através do Atlântico praticamente em toda sua extensão diagonal. Seriam meses investidos apenas no deslocamento, custos elevadíssimos, tripulação desgastada física e psicologicamente, entre tantos outros problemas naturais que dificultariam a viagem.

Eclusas de Miraflores
Eclusas de Miraflores

O Canal do Panamá hoje conecta o Caribe ao Pacífico pelo istmo do Panamá justamente em seu ponto mais estreito. Ainda no século 19, o projeto internacional de construção de um canal ao nível do mar ainda era discutido de forma que a melhor alternativa aparentava ser na Nicarágua, onde as embarcações cruzariam todo o Lago da Nicarágua e chegariam ao Pacífico via istmo de Rivas, projeto descontinuado por questões financeiras, mas que recentemente parece ter entrado em vias de reativação.

Foi apenas no fim do século 19 que as pressões do comércio internacional e os avanços tecnológicos proporcionaram a viabilidade da construção do canal panamenho. Os franceses foram os primeiros a ter a legalidade para realizar escavações, entretanto foram os Estados Unidos junto com a Colômbia que celebraram anos mais tarde o Tratado Herrán-Hay, visto que nesta época o Panamá ainda era uma colônia colombiana.

Com o apoio estado-unidense, o Panamá conseguiu sua independência no dia 3 de novembro de daquele ano e com isso obteve também o direito de levar adiante as negociações para a construção do canal. Compreenda que a história do Canal está diretamente vinculada à independência desta nação e seu amplo desenvolvimento ocorrido nos anos subsequentes.

Centro de controle no Canal do Panamá
Centro de controle no Canal do Panamá

A finalização do canal ocorreu no ano de 1913 e sua inauguração, datada de 1914, foi marcada pela travessia de um navio a vapor chamado Ancón. Deixou-se de existir a Comissão Istmica do Canal para iniciar a era em que a Zona do Canal passou a ser a nova administradora. A República do Panamá só assumiu a responsabilidade, administração, funcionamento e manutenção independente do Canal no dia 31 de dezembro do recente ano 1999.

Nós visitamos a sala de controle, conversamos com os operadores das comportas e piscinas das Eclusas de Miraflores e aprendemos que antes da tecnologia chegar, todo procedimento era realizado manualmente.

Canal do Panamá
Canal do Panamá

Acontece que tudo seria muito simples se o canal estivesse a 0 metros do nível do mar. Mas não está! Do ponto de vista técnico, do Atlântico até o Pacífico são mais de 80 quilômetros de distância, possui profundidades diferentes em ambas as pontas (12.8 no Atlântico e 13.7 no Pacífico), forçando-se a construção de dois pontos terminais, um em cada oceano e das três eclusas (Miraflores, Gatún e Pedro Miguel), bem como um dos maiores lagos artificiais do nosso planeta, o Lago Gatún (com 425 quilômetros quadrados).

Afim de evitar congestionamentos, o Canal do Panamá possui uma política clara de tráfego, limitando as travessias aos turnos matutino, vespertino (apenas de um lado para o outro) e noturno (vias duplas). O custo para atravessar é proporcional à massa dos navios. Quanto maior mais caro. A tarifa básica gira em torno dos U$ 50.000, porém grandes embarcações lotadas de contêineres (tal como a da foto anterior) chegam a pagar até um milhão de dólares.

Motores Rexroth no Canal do Panamá
Motores Rexroth no Canal do Panamá

Para que as embarcações cheguem de uma ponta até a outra, o nível do canal é corrigido com a ajuda dessas gigantescas piscinas (eclusas) estrategicamente construídas ao longo do rio – a mais famosa e turística explorada é Miraflores. Motores Bosch/Rexroth trabalham no subsolo do canal bombeando a água de um lado para o outro das comportas, suspendendo os navios para alcançar os níveis necessários, quando posteriormente as comportas são abertas, liberando a água e fazendo com que as embarcações continuem em seu trajeto, desta vez do outro lado do Continente Centro-americano.


BWE 2014 [ PANAMA ] – Canal do Panamá

Eu tive a oportunidade de acompanhar a travessia de dois gigantescos navios repletos com contêineres, e registrei tudo em vídeo para compartilhar por aqui. É impressionante ver como o tamanho dos navios é exatamente proporcional à abertura nas eclusas. Nas próximas matérias sobre o Panamá, vamos conhecer um pouco mais sobre a natureza exuberante deste país visitando a Ilha Contadora, arquipélago de La Perla, no Oceano Pacífico. Em nosso caminho fomos brindados com a impressionante vista dos pulos de baleias jubarte a menos de 30 metros de nossa embarcação!

Autor
Luiz Jr. Fernandes
Luiz Jr. Fernandes
Sou um analista de sistemas, fotógrafo, autor deste blog e viajante profissional. Já conheci mais de 70 países em todos os continentes do mundo. As minhas matérias são 100% exclusivas, inspiradas em experiências reais adquiridas nos destinos que visito. Obrigado por ler e acompanhar o meu trabalho.
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