Foi no último mês de abril de 2012 que com grande prazer e satisfação coloquei pela primeira vez as plantas de meus pés em território baiano. Fui conhecer a cidade de Salvador, com uma breve e predominante escapada para um lugarzinho paradisíaco: o Morro de São Paulo. Até então ainda acreditava que este destino era mesmo no estado de São Paulo. Até alguns anos atrás o Morro era apenas mais um dos vilarejo de pescadores das Ilhas que compõem o Arquipélago de Tinharé, ao sul de Salvador. Durante uma semana conheci o básico de Salvador e aproveitei para aprofundar as minhas experiências baianas no Morro de São Paulo, que realmente é na Bahia. 😀

Cheguei a Salvador em uma madrugada de quarta para quinta-feira. Logo no aeroporto, já sabia quais seriam meus objetivos: tentar chegar na hora do almoço no Morro e aproveitar a culinária local antes de fazer o reconhecimento das praias. Ainda no aeroporto, avisado pelas centenas de posts que li e reli na blogosfera brasileira de viagens, acreditei que realmente o coletivo seria a forma mais segura de chegar até onde o ferry partia para Bom Despacho. Com certeza a mais segura e a mais demorada também. Não aguentei esperar. Desde o momento que desembarquei fui assediado por motoristas de táxis sem qualquer identificação que faziam a corrida até o centro da capital baiana. Eu como sempre muito desconfiado de tudo ao redor em um aeroporto de madrugada, neguei todas as ofertas. O coletivo seria cerca de R$2,50, os taxistas autorizados, devidamente uniformizados estavam cobrando R$ 100,00 e os piratas me cobrariam R$ 5,00.

Logo ao sentir o raiar do sol, e o dia clareando, acabei sendo seduzido pela oferta de um simpático senhor, que insistiu pouco, mas que foi direto e reto na afirmativa que convenceu: “vai ficar esperando o dia amanhecer aqui sentado?! Bora pra Salvadô!”. Seriam somente R$ 5,00 e o receio de estar sendo levado para um abatedouro. Este sentimento foi indo embora aos poucos, já nas vias de entrada da cidade, quando realmente vi que aquilo era um trabalho, que de fato ele fazia isso constantemente, e que existiam outras pessoas ali sendo “fretadas” da mesma forma que eu. Alívio instantâneo nada imediato, até o simpático senhor pirateiro sacar uma foto de ninguém menos ele e Ivete Sangalo. Eu fiquei pasmo! Sim, ele era um taxista que não tinha nenhuma identificação mas que já havia feito o “frete” até mesmo de Ivetinha. Agora eu estava 100% tranquilo! Ele ainda mencionou que este seria o ganha pão dele, e conheceu a cantora em um momento único em que o carro dela havia tido um problema e ela teria que chegar ao aeroporto para não perder um voo. Tranquilizado por conta dessa fantástica história, ele me deixou no cais para pegar o próximo ferry até o Bom Despacho, para de lá então pegar um ônibus que me levaria até Valença, a cidade mais próxima das Ilhas, de onde pegaria uma lancha rápida e alguns minutos depois estaria no famoso Morro de São Paulo.

Chegar até aqui já havia sido sucesso absoluto. Agora eu começaria a entender o estilo de vida baiano e o stress que veio acompanhado. Por questão de minutos acabei tendo que esperar uma hora pelo próximo ferry. Pegaria o das 7:00, mas por conta de um tumulto não consegui comprar o ticket e acabei deixando para o que partia 8 da manhã. Muita discussão e revolta da população, pela falta de camaradagem do pessoal que faz a venda dos tickets, bate-bocas e enfim tinha o ingresso. Catraca adiante, sentei e aguardei o horário. Alguns minutos depois começaria um novo tumulto! Todas as pessoas da sala de espera do ferry começaram a se aglomerar em uma das portas de acesso aos barcos, e mais do que depressa tentei me apertar em meio aos baianos para conseguir um bom lugar para a travessia da Baia de Todos os Santos. Enfim, era só um alarme falso e todos ficaram aguardando por mais alguns minutos. Até que um novo tumulto fez com que todos se espremessem na outra porta que dava acesso ao cais: agora seria o momento exato de todos entrarem. Um absurdo! Gente correndo, gritando, meninos ficando para trás, vendedores ambulantes de todas as espécies, e com muito esforço eu consegui chegar são e salvo até a proa do ferry. Tirei a camisa, sentei e aguardei a chegada a Bom Despacho.

Logo ao chegar, outro sofrimento: a compra do ticket de ônibus que me levaria até Valença. Foram 20 minutos de empurra empurra, muita gritaria e falta de educação para conseguir comprar o ticket. Pareceu que tudo ali só era resolvido no grito e no desespero, mas logo que consegui acomodar minhas malas no bagageiro e subi no ônibus, parecia que as coisas iriam se tranquilizar por algumas horas.

A viagem até Valença durou cerca de 1 hora e meia. Depois de dizer não para uma dezena de vendedores (eles vendiam absolutamente de tudo), e escutar muita música alheia (parece até que eles não conhecem fones de ouvido), cheguei até a rodoviária de Valença. De lá, um táxi me cobrou 7 reais e me levou exatamente para o porto de onde partem as lanchas para o Morro de São Paulo e a Ilha de Boipeba. Eu estava conseguindo vencer os primeiros momentos de uma viagem que parecia ser em um primeiro momento apenas propícia ao descanço.

Primeira vista da praia de Gamboa
Primeira vista da praia de Gamboa

Depois de pagar e me acomodar na lancha que ia de Valença até o Morro em cerca de 45 minutos, aproveitei para enfim apreciar a vista dos arredores. A primeira vista da praia da Gamboa, com areia fina, água tranquila e uma belíssima paisagem alertava: estávamos chegando finalmente ao lugar que eu poderia ter paz e entrar em contato com a natureza exuberante do litoral baiano. Alguns minutinhos e já avistava a rampa que leva do cais até o vilarejo de Morro de São Paulo.

Atracando no cais de Morro de São Paulo
Atracando no cais de Morro de São Paulo

Ainda um pouco atordoado pela noite não dormida no voo que veio de Goiânia e chegou 3 da manhã no Aeroporto Internacional de Salvador, depois da maratona que foi pegar o taxi pirata, comprar o ticket para o ferry, conseguir embarcar no ferry, viajar até Bom Despacho, desembarcar e correr para brigar por mais de 20 minutos para conseguir comprar o meu ticket de ônibus para Valença, viajar 1 hora e meia e depois uma lancha rápida por 40 minutos, enfim chegava ao Morro. Para completar ainda teria que comprar a minha entrada na Ilha (eles cobram uma taxinha), ainda tive que discutir com dezenas de vendedores que insistiam em levar a minha bagagem até o fim da rampa. Era uma tarefa difícil mas não impossível, fiz eu mesmo e logo após isso estava fazendo checkin no hotel e correndo para o abraço.

Portão de entrada do Morro de São Paulo
Portão de entrada do Morro de São Paulo

E como não existe vitória sem luta, às 11 horas da manhã estava no hotel, pegando as instruções para começar a curtir a viagem. Estava apenas no começo! E você ainda vai ter muito mais detalhes sobre esse fantástico destino brasileiro. Aguarde e confie!

Autor
Luiz Jr. Fernandes
Luiz Jr. Fernandes
Sou um analista de sistemas, fotógrafo, autor deste blog e viajante profissional. Já conheci mais de 70 países em todos os continentes do mundo. As minhas matérias são 100% exclusivas, inspiradas em experiências reais adquiridas nos destinos que visito. Obrigado por ler e acompanhar o meu trabalho.
3 comentários publicados
  1. Quanto perrengue heim?

    Se tivesse seguido minhas dicas q postei no blog não teria passado por nada disso, hehehe.

    O lance dos ferrys é sempre assim. Gritaria e empurra-empurra TODOS os dias, TODAS as horas. O melhor é pegar os ferrys com hora marcada. Mto mais tranquilo 😉

    1. É justamente o ponto cruscial! Se você chega em uma hora inoportuna, tal como 07AM, o risco é muito grande de pegar os ferrys lotados, mas valeu a pena, como estava muito cansado queria mesmo era chegar logo no Morro 😀

  2. Olá Luiz!

    Maravilha Salvador, né! Fui recentemente e depois demuito ver preço de passagens de ônibus,  achei  o http://www.precodepassagens.com.br , que me passou muito mais dicas de como fazer reservas rodoviárias rápidas, pagando pela internet em cartões de crédito! Espero que ajude! 

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